TRF de São Paulo reabre processo pela condenação de torturadores do regime militar

TRF de São Paulo reabre processo pela condenação de torturadores do regime militarA quinta turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª região, em São Paulo, anulou, por unanimidade, a decisão da 11ª Vara Cível de São Paulo que extinguiu ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) pedindo a condenação de sete servidores públicos federais que participaram da prisão, tortura e morte do operário Manoel Fiel Filho, nos anos 70. Com a anulação, o TRF determinou a abertura do processo.

Na ação, o MPF solicitou que os servidores reparem os gastos da União com indenizações aos parentes das vítimas, no valor de R$ 483 mil. O Ministério Público também sugeriu a perda de funções e cargos públicos e cassação de aposentadoria dos servidores. A família de Fiel Filho entrou com ação na Justiça após a sua morte e obteve a confirmação de que a prisão do operário fora ilegal, e que ele sofreu tortura nas dependências do DOI-Codi. Também ficou confirmada que a versão de suicídio do trabalhador foi forjada pelos agentes públicos.

Para os desembargadores, a decisão da Justiça, em primeiro grau, extinguindo o processo foi “precoce diante da complexidade da matéria”. O procurador regional da República Marlon Alberto Weichert teria dito, na sessão realizada nesta segunda-feira (14/9), que a “velocidade impressionante” da Justiça Federal “abortou precocemente a ação”. Para o magistrado, “o MPF afasta com veemência a afirmação na sentença de que o caso seria de pouca relevância”.

Fiel Filho foi preso por agentes dentro da fábrica onde trabalhava, em São Paulo, no dia 16 de janeiro de 1976, sem mandado de prisão, e levado à sede do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Defesa Interna (DOI-Codi), no bairro Paraíso, na capital paulista. A casa do metalúrgico foi alvo de buscas e apreensões, também sem autorização da Justiça. De acordo com testemunhas, Fiel Filho foi torturado dentro do DOI-Codi e morreu em decorrência da violência que sofreu no órgão de inteligência e repressão do regime militar. Na versão oficial apresentada pelo destacamento na época, o operário teria se estrangulado com um par de meias.

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Filipe Pereira Mallmann Apaixonado pelo direito e aficionado por novas tecnologias. Para ler mais artigos de Mallmann, . Redes Sociais: Google + · Facebook · Twitter

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