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Agência Brasil

Tenente-coronel da Rota diz que “nem ele e nem seus homens” mataram os detentos no Carandiru

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São Paulo – O julgamento do Massacre do Carandiru prossegue na tarde de hoje (1) com o depoimento do tenente-coronel Salvador Modesto Madia que, no ano do massacre, em 1992, era tenente da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Madia é um dos 25 policiais militares que são acusados pela morte de 73 detentos que ocupavam o terceiro pavimento (ou segundo andar) do Pavilhão 9 do Carandiru.

Durante uma hora e meia, Madia foi interrogado pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo. Neste momento, ele é interrogado pelos promotores e ainda falta ele ser inquirido pela advogada que o defende, Ieda Ribeiro de Souza. Os policiais se dizem inocentes e insistem na tese de que houve confronto entre policiais e presos no dia do massacre. A defesa também alega que não é possível individualizar as condutas dos policiais, ou seja, dizer qual policial matou quais ou quantos presos.

Durante o depoimento, Madia negou que ele ou a sua tropa sejam responsáveis pelas mortes dos detentos. “Sei que nós não fizemos [não matamos]”, disse ele. ”Não admito desvio de conduta. Se tivesse ocorrido isso [no dia do massacre], eu prenderia [o policial] por desvio de conduta naquele exato momento”, falou. “Passados 21 anos, queria que o senhor falasse em quem eu dei um tiro”, disse, se dirigindo ao juiz.

Madia comandou a Rota entre novembro de 2011 e setembro de 2012 e foi afastado pelo governo, que alegou que a mudança era rotineira.

Segundo Madia, a ação no Carandiru, no dia 2 de outubro de 1992, foi “a maior adrenalina que já passou em vida”. “Naquela noite, no quartel [após a ação no presídio], estava um clima tenso. Nunca tínhamos vivido uma situação como essa”, disse. “Pensa que eu voltei para casa [naquele dia] feliz? Ou que eu tomei um copo de sangue? Dizem que nós [policiais] perseguimos pretos e pobres, mas olhe para eles [ele aponta para os policiais no plenário, que também são réus, alguns deles negros], que se aposentam com R$ 2,7 mil por mês”, falou, em tom exaltado.

Quando o juiz perguntou a Madia quem, então, matou os detentos, pois 111 foram mortos naquele dia no Carandiru, o tenente-coronel respondeu: “Não fui eu e não foram os meus homens”. O juiz ainda lhe perguntou se policiais militares mataram os detentos e ele se limitou a dizer: “Não sei”.

Sobre a ação policial, o tenente-coronel contou que não tinha conhecimento sobre a planta do pavimento que iria invadir, mas havia um plano de invasão, reconheceu. Após um prévio planejamento, ficou estabelecido que a equipe que ele comandava iria para o terceiro pavimento (segundo andar). Enquanto subia as escadas para o segundo andar, ele contou ter ouvido muito barulho vindo dos presos. “Quanto mais subia, mais o barulho e os estampidos iam aumentando. E aumentando muito”. “Aí já deu para sentir que a tropa começou a disparar”, disse.

Madia é o quinto policial militar a ser ouvido nesta segunda etapa do julgamento do Carandiru. Ontem (1), em 15 horas de depoimentos, foram ouvidos o major Marcelo Gonzales Marques, o tenente-coronel Carlos Alberto Santos e o ex-capitão Valter Alves Mendonça. O último a ser ouvido foi o tenente Edson Pereira Campos, que disse que segurava um dos escudos de amianto para proteger a tropa no momento da invasão. “Meu escudo foi atingido por um projétil, mas o equipamento evitou que os PMs fossem atingidos”, disse. Dezoito policiais usaram o direito estabelecido pela Constituição e se mantiveram em silêncio. Dois policiais que também são acusados e estão sendo julgados, apresentaram atestado médico e não participam presencialmente do julgamento.

Após o depoimento de Madia, o julgamento prosseguirá com a leitura de peças e exibição de dois vídeos. Amanhã (2) estão previstos os debates entre a defesa e os promotores. Em seguida, os sete jurados irão se reunir para decidir se condenam ou absolvem os policiais.

Toda a ação para reprimir a rebelião no Carandiru, em 1992, resultou em 111 detentos mortos e 87 feridos. O episódio é considerado como o maior massacre do sistema penitenciário brasileiro. Na primeira etapa do julgamento do Carandiru, que foi desmembrado em quatro etapas, 23 policiais militares, todos da Rota, foram condenados pela morte de 13 detentos, ocorrida no segundo pavimento.

FONTE: AGÊNCIA BRASIL

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Agência Brasil

LEI MARIA DA PENHA AINDA É POUCO USADA PELA JUSTIÇA EM CASOS DE ASSASSINATO

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Metade dos processos judiciais de casos de assassinatos de mulheres por questão de gênero não faz menção à Lei Maria da Penha, segundo versão preliminar do estudo A Violência Doméstica Fatal: o Problema do Feminicídio Íntimo no Brasil, da Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo. A pesquisa mostra também que, entre os casos avaliados, a grande maioria das mulheres não procurou ajuda antes, mesmo que a violência já fizesse parte da relação.

A FGV analisou 34 processos judiciais a partir de acórdãos dos tribunais de Justiça da Bahia, de Mato Grosso, Minas Gerais, do Pará e Paraná. Dois terços tramitaram na vigência da Lei Maria da Penha e, entre eles, metade sequer menciona a lei e a outra metade faz menção, sem necessariamente aplicá-la.

“Isso mostra a dificuldade do Judiciário em absorver uma lei que foi aprovada em 2006. Até hoje vemos a dificuldade do Judiciário em aplicar essa lei, o que mostra, além da tipificação, o desafio de articular o feminicídio à Lei Maria da Penha e brigar pela sua implementação tanto no Judiciário quanto nas instituições da rede de apoio à mulher”, analisa uma das coordenadoras da pesquisa Marta Rodriguez.

O levantamento mostra que a violência era tida, muitas vezes, como componente da relação, isso porque foram encontradas frases como: mas qual casal não tem seus problemas?. “Uma questão que ficou clara com o levantamento foi que os casos de violência que terminam em morte se arrastam por muito tempo e em pouquíssimos, raríssimos casos, a mulher havia procurado o sistema de Justiça antes da morte”, diz Marta.

Entre as observações preliminares está o reforço de estereótipos de gênero na Justiça. As mulheres são tidas nos processos ou como “mulher trabalhadora e direita”, “de família”, portanto vítima merecedora da atenção do sistema de Justiça criminal ou como “mulher que foge ao padrão socialmente esperado”, logo vítima que contribuiu para o fato. Os pesquisadores encontraram frases como: “Impossível negar que, por exemplo, uma mulher que apanha e não sai de casa também tem culpa”.

Os homens também são generalizados ou como “homem trabalhador, religioso, bom pai, honesto”, cujo comportamento social isenta ou reduz a responsabilidade pelo crime, ou como “homem perigoso, violento, pervertido sexual”, que merece a manutenção de medidas cautelares e penas mais severas.

Os fatores que levaram aos assassinatos são principalmente o inconformismo com o término do relacionamento, a ofensa à virilidade do homem e quebra de expectativa em relação ao papel da mulher.

A pesquisa partiu de dados oficiais, de que o número de assassinatos de mulheres aumentou 17,2{1eecf362f98c152f8c428eb9c8eaf3ddce5ebd4071b9fa780edfd0d1e2372573} na última década, o dobro do aumento do número de homicídios masculinos. Além disso, enquanto entre homens 15{1eecf362f98c152f8c428eb9c8eaf3ddce5ebd4071b9fa780edfd0d1e2372573} dos homicídios ocorrem na residência, entre as mulheres essa cifra sobe para 40{1eecf362f98c152f8c428eb9c8eaf3ddce5ebd4071b9fa780edfd0d1e2372573}.

De acordo com Marta, não há no país dados que tratem especificamente do feminicídio, ou seja, homicídio de mulheres em decorrência de conflitos de gênero, geralmente cometidos por um homem, parceiro ou ex-parceiro da vítima. Esse tipo de crime costuma implicar situações de abuso, ameaças, intimidação e violência sexual.

De acordo com a secretária de Enfrentamento da Violência Contra a Mulher, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Aparecida Gonçalves, a pesquisa, em conjunto com outras ações para mostrar o feminicídio, “vai trazer visibilidade para o fenômeno e vai ajudar a construir indicadores, além de discutir dentro do sistema de Justiça a questão dos conceitos e preconceitos existentes contra as mulheres”, diz.

Pouco antes da apresentação do estudo, ontem (17), o Senado aprovou o substitutivo da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) ao PLS 292/2013, que modifica o Código Penal para incluir o crime de feminicídio. O projeto estabelece que o feminicídio será um dos tipos de homicídio qualificado, configurado como o crime praticado contra a mulher por razões de gênero.

“Aprovado no Senado, o projeto vai à Câmara dos Deputados e é grande a conquista. Quando fizemos a pesquisa, a ideia era essa, sensibilizar o Congresso. A apresentação então comemora a aprovação e nos fortalece na Câmara para que seja aprovado o texto”, diz o secretário de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, Flávio Crocce Caetano.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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Agência Brasil

Professores dão dicas sobre estudo e descanso nos dias que antecedem o Enem

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Os dias que antecedem a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) são de ansiedade para muitos candidatos e também de dúvida sobre o que fazer nos momentos finais. O melhor é estudar até o último minuto, ou descansar para evitar estresse na dia da prova? E como lidar com o cansaço durante o exame? Professores ouvidos pela Agência Brasil dão dicas sobre estudo e descanso nesta reta final e orientações para os dias das provas.

A sugestão do coordenador de ensino médio da Escola Garriga de Menezes, Marcelo Borges, é que nos primeiros dias desta semana os candidatos ainda façam uma revisão, resolvendo provas passadas do Enem, e reservem os outros dias para descansar e descontrair. “Nos três primeiros dias da semana, ainda é importante que façam uma revisão, mas não em cima de conteúdos e sim de questões de provas passadas para que possam ter uma referência sobre os conteúdos que ainda não dominam com clareza. Com isso, quem sabe, ainda podem dar uma melhorada”, diz.

Na quinta (6) e sexta-feira (7), a dica do coordenador é que os estudantes apenas relaxem. “Esses são dias de procurar atividades que possam divertir e não causar estresse. O ideal é não ter contato com o conteúdo para não chegar àquela conclusão do ‘só sei que nada sei’. Procure atividades culturais como teatro, cinema”, diz Marcelo Borges.

Saiba Mais
Candidatos podem estudar temas que são apostas de professores para o Enem
O professor de geografia do pré-vestibular do Sistema Elite de Ensino Marcos Chaves indica aos estudantes revisar fórmulas de química, física e matemática até a metade desta semana. Na véspera da prova, ele também avalia que o melhor é descansar, ter uma boa noite de sono e alimentação leve.

Chegar com antecedência de uma hora ao local de prova é o que recomenda o professor Marcos Chaves para evitar ainda mais nervosismo ao candidato no momento da prova. “Se o candidato não se preparar e chegar em cima da hora no local de prova, ele já chega nervoso, sobressaltado, e isso prejudica a concentração”, comenta.

Para os dois dias do Enem, o especialista em educação e diretor da rede de colégios Alub, Alexandre Crispi, tem dicas para aumentar o rendimento dos estudantes, como levar lanche e se alimentar a cada uma hora e meia. “Com tantas horas sem comer, o cérebro não vai conseguir dar as mesmas respostas, então, leve barras de cereais, chocolate. Ter em mãos um lanche ajuda a evitar que o aluno tenha esquecimentos durante a prova”.

Outras dicas são se levantar para beber água ou ir ao banheiro durante o período da prova para ativar a circulação e espantar o sono e aproveitar todo o tempo disponível para responder às questões. “Aproveite todo o tempo de prova e não saia antes do final. A maioria dos candidatos sai uma hora antes do final da prova e desperdiça tempo de prova. Saindo uma hora antes, o candidato desperdiça tempo que dá para resolver 20 questões. Cada 10 questões do Enem gera aproximadamente 100 pontos na prova”, estima o professor. Ele ressalta que, mesmo que o candidato tenha terminado a prova, é interessante aproveitar todo o tempo para revisar as questões que foram mais difíceis de resolver e geraram dúvidas.

Ao longo da semana, o candidato deve estabelecer uma estratégia para resolver as provas, segundo o coordenador do Garriga de Menezes, Marcelo Borges. O tempo médio gasto em cada questão deve ser três minutos. A redação também merece planejamento prévio. “No segundo dia, é interessante que não deixem a redação para o final, ou façam antes, entre a prova de linguagens e a de matemática. Essa é uma dica importante porque a prova de linguagens pode gerar alguma ideia criativa para que eles possam desenvolver a redação”, explica.

As provas do Enem serão aplicadas nos dias 8 e 9 de novembro. O exame tem 8,7 milhões de inscritos. Para se preparar para a prova, os candidatos podem acessar o aplicativo questoesenem.ebc.com.br. O banco de questões da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) reúne itens de 2009 a 2013.

FONTE: AGÊNCIA BRASIL

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Agência Brasil

Ebola: Estados Unidos estudam novas medidas para controle de viajantes

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Os Estados Unidos vão anunciar medidas mais rígidas para o controle de viajantes internacionais a fim de impedir que o ebola se espalhe no país. O diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Tom Frieden, disse nessa terça-feira (7) que o órgão anunciará, em breve, ações com o objetivo de aumentar a segurança dos americanos.

“Assim como disse o presidente [Barack Obama], estamos averiguando cuidadosamente o que podemos fazer para aumentar a segurança dos americanos e, nos próximos dias, vamos anunciar as novas medidas que adotaremos”, explicou, Frieden na sede do CDC em Atlanta. O presidente Barack Obama já havia dito que pretendia adotar regras mais rigorosas para impedir a proliferação do vírus nos Estados Unidos.

Saiba Mais
Ebola: Brasil discute nova ajuda a países africanos
O primeiro caso de ebola nos Estados Unidos foi diagnosticado há uma semana – após o anúncio de que o liberiano Thomas Erik Duncan está internado em um hospital de Dallas, Texas, com o diagnóstico da doença.

Ele chegou ao Texas no dia 20 de setembro sem mostrar sintomas, mas o governo americano investiga falhas no atendimento hospitalar, no momento em que ele apresentou os primeiros sinais. A informação sobre a chegada parece não ter sido levada em consideração, e o paciente foi liberado no primeiro atendimento. Cerca de 80 pessoas estão sendo observadas na região, por suposto contato com o liberiano.

Na segunda-feira (6), Obama disse que novos protocolos estavam sendo estudados para aumentar o controle sobre os viajantes que partem do Oeste africano e chegam aos Estados Unidos.

Obama falou da possibilidade de coordenar o trabalho entre as autoridades alfandegárias e o Departamento de Segurança Nacional para identificar pessoas que viajem em voos de ligação, de modo a determinar o seu ponto de partida.

FONTE: AGÊNCIA BRASIL

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